Seu desejo é uma ordem...

Terça-feira à noite voltei do serviço em São Paulo, e fui pegar a chave do meu apartamento na casa da senhora que faz a limpeza semanal. Bem como de praxe ela fez um relato breve do que fez, e comentou que não conseguiu passar toda a roupa, mas que liquidou todas as camisas sociais. Ao final, comentou, inocentemente, que eu ultimamente só uso “roupa de festa”. Achei engraçada a expressão: “roupa de festa”. Ontem, o dia amanheceu frio, com uma brisa gelada e, como havia sido convidado para assistir a uma palestra à noite, numa universidade na zona sul da cidade, resolvi colocar pela primeira vez um terno preto, de um tecido grosso, fosco - não sei o nome, pois não conheço tecidos, parece uma flanela, muito quente, muito bonito, que comprara distraidamente, há cerca de um mês, num dia em que resolvi encher meu guarda roupa de roupas novas, todas sociais, necessárias, em virtude de minhas novas atividades profissionais. Comprei ou ganhei, no espaço de umas duas semanas, 3 ternos, 2 blazeres, 5 camisas, 3 pares de sapato, 8 pares de meia, 1 cinta, 4 gravatas.... Bem, o paletó é meio longo, é como se fosse um jaquetão, de corte liso, bolsos muito discretos, muito distinto. Coloquei-o com uma camisa de um azul bem claro, e uma gravata vermelha, e perfumei-me com uma loção cara, bem gostosa. Dirigindo pelas estradas que me levam à cidade de São Paulo para mais um dia de trabalho, trajeto de aproximadamente uma hora, quando aproveito para fazer meus agradecimentos, minhas afirmações e minhas visualizações enquanto dirijo, dei-me conta: há poucos meses estava em processo de redirecionamento de minha vida, aprendi a dedicar uns momentos diários para meditação, e visualizações, e ia quase que diariamente a um shopping center, e ficava olhando vitrines das lojas mais chiques. Tinha uma, muito conhecida, assídua em shopping centers mais sofisticados, e que sempre expõe uns ternos pretos, muito bonitos e muito caros, e eu sempre parava em frente a esta vitrine, e ficava me imaginando dentro de uma roupa daquelas. Hoje eu estava dentro exatamente de um terno preto, de corte muito distinto, muito bonito! Não planejei isto, não planejei como faria para ter o terno, nem se eu iria comprar “aquele” terno, “naquela” loja, apenas me imaginei dentro de um terno daquele jeito. Agora, eu estava dentro de uma roupa daquelas! A paisagem colorida que rodeava a rodovia dos Bandeirantes às seis e meia da manhã, dia amanhecendo, um arzinho gelado da manhã enchendo os pulmões ( hoje sei que prestar atenção á respiração, ao ar enchendo cada cantinho escondido de nossos pulmões, é uma forma de, digamos, meditação ), céu limpo, muito verde, muito carros, enchia meu coração de satisfação, e mais ainda, ao perceber mais uma realização na minha vida, sem dúvida resultado direto da Lei Universal da Atração. Passei o dia sendo tratado como um lorde. Era “bom dia Doutor” pra cá – não sou doutor- , porteiros de prédio se aprumando na posição quando me aproximei, recepcionistas me atendendo com distinção, sorriso condescendente nos lábios, pessoas desviando discretamente o olhar na minha direção nas ruas do centro de São Paulo quando eu passava. Não sou vaidoso, mas confesso que quando passava em frente algum prédio com vitrine de vidro, destas que refletem a imagem das pessoas que passam, e que elas às vezes se aproveitam para dar uma olhadinha para ver se estão alinhadas, ou ajeitar a gravata, o cabelo, também dei minhas espiadinhas para ver como eu estava, e o que vi me agradou muito. Me sentia um desembargador. Rsrsrs.
À noite, ao chegar no local da palestra, uma das pessoas responsáveis pelo evento, que não me conhecia pessoalmente, quando cheguei – fui o primeiro a chegar - se confundiu, achando que eu era um dos palestrantes! Fui solicitado a dar meu cartão de visitas por várias pessoas. Passei um dia de muita satisfação no meu íntimo. Na estrada, voltando de sampa, quase meia-noite, vim pensando, fazendo um resumo da experiência de mais um dia na minha vida. É preciso repassar os acontecimentos do dia. A mágica do dia. Logicamente a vida é vivida sob vários aspectos, o dia não se resumiu a isto que relatei: durante o dia ocorreu uma variedade incrível de coisas, vários assuntos foram tratados, várias situações novas se apresentaram, outras evoluíram, algumas tensas, outras divertidas, outras, de oportunidades novas que se apresentaram, não foi um dia só de olhar no espelho. È a vida pulsante. Estou vivo. Mas foi um dia mágico, sem dúvida. Meu coração se regozijou de satisfação pela vida. Mais ainda, por ver as evidências da energia criativa do Universo tomando forma no mundo do fenômeno, no mundo “manifesto”, para usar a terminologia do Eckarte Tolle (O Poder do Agora), da forma que vi, em minha visão de meses atrás. Realmente, quando estamos em sintonia com o Universo, qualquer desejo mais íntimo, aquele, escondido no mais profundo de nosso ser, do qual nem sequer nosso eu consciente se dá conta, é atendido com perfeição. Sem rodeios. Sem economias. Sem ressalvas. Para nosso deleite. Agora, que escrevo isto, posso sentir nas minhas narinas o cheiro gostoso que exalava do terno ontem. Estou curtindo isto. Gosto disto. Declaro para o Universo que gostei muito do que ele me reservou ontem. Muito obrigado, Universo.